Museu Tramas Daqui

Retomada e aperfeiçoamento de técnicas tradicionais

A memória local sobre a produção de cestaria aciona o período onde a comunidade provia a maior parte de suas necessidades com recursos do próprio território. As tramas eram feitas, principalmente, para uso na roça e na pesca. Um uso frequente era o transporte de alimentos, insumos e materiais. As peças também eram utilizadas para acondicionar objetos diversos nas moradias.

"Aprendi com meu pai e também lembro de minha avó fazendo. tinha também um mais velho, finado seu araújo [...] chegava e dizia pra meu pai "Ô raé, vou levar esse menino pra mata buscar taquaruçu e vamo arranjar um tapiti pra ele."
Seu Nedir

O PROCESSO

A colheita de toda matéria-prima para a cestaria é feita na lua minguante e deve sempre preservar a matriz da planta. A maioria das espécies é de plantas perenes da Mata Atlântica. Os criadores buscam utilizá-las de modo a garantir a sustentabilidade da prática e o respeito ao ambiente.

Após a colheita, cada cipó é trabalhado de uma maneira específica. Porém, as seguintes fases são comuns para a maioria dos processos:

A depender da matéria-prima. O timbopeba, por exemplo, rende de seis a oito fibras, que podem ser tramadas assim que colhidas e desfiadas.

Quase sempre ao sol, principalmente no caso de taquara e imbé. Mas há exceções, como o cipó caboclo, que deve ser tramado logo após a colheita para não endurecer.

Com o auxílio de uma faca, as fibras são raspadas para aquisição de uma textura lisa.

Definido o número de esteios – que são as fibras que dão base para a peça – passa-se ao desenvolvimento das tramas. Um esteio ímpar é chamado de “capitão” ou “coringa” e é entrelaçado em toda a base da trama.

Pode envolver camadas de verniz ou resina. Não é indispensável, uma vez que, se a matéria prima for colhida no tempo certo e passar pelo processo de secagem correto, a peça terá durabilidade mesmo se não for submetida à finalização com materiais sintéticos.

Materiais mais utilizados:

*Para mais informações sobre os materiais, incluindo variações de suas denominações e utilizações, consultar a listagem disponibilizada na aba REFERÊNCIAS.

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Os objetos produzidos pelos antepassados mais lembrados pelos criadores contemporâneos são os samburás, cestos para carregar alimentos e artigos para pesca, como iscas; o tipiti, utilizado para prensar farinha; e o covo, artefato de pesca que é imerso na água para a captura de peixes.

Atualmente, os caiçaras de São Gonçalo produzem tais objetos também atrelando-os a outros usos, como o decorativo. As técnicas utilizadas na concepção e execução dos objetos no passado são ainda utilizadas para criação de outras peças, tais como luminárias e chapéus.

A reapropriação das técnicas conjuga diversos propósitos, tais como o desejo de substituição de utensílios de plástico e a preocupação com a transmissão dos saberes do território. Pessoas e lugares são recordados e reinventados nesse processo dinâmico, caracterizado pela relação de inspiração e respeito com o ambiente.

"muita gente chegou por aqui e foi tirando tudo. então, tem coisa que é mais difícil de encontrar. é preciso ter respeito com o lugar, não sair pegando mais do que precisa. e sempre preservar a matriz da planta, nunca tirar tudo."
Robinho

As memórias e demais informações sobre a produção de cestaria em São Gonçalo foram produzidas em colaboração com:

  • Nedir da Conceição, um dos mais experientes na criação de cestaria do território;

  • Nedina dos Santos Conceição, filha e aprendiz de Nedir ;

  • Ernani João de Santana, responsável pela inserção do propósito de reaproveitamento de materiais na cestaria;

  • Robson Luiz Moreira Silva,

    mais conhecido como Robinho, que retomou e aperfeiçoa técnicas tradicionais da cestaria.

Também houve consulta a material bibliográfico que está listado na aba REFERÊNCIAS.

Articulação local de Mauriceia Pimenta Tani.

Contatos no Território

Ernani João de Santana – (24) 999 336 524

Robson Luiz Moreira Silva – (24) 992 671 885 

Nedina dos Santos Conceição – (24) 24 998 483 869

Mauriceia Pimenta – (24) 999 751 288